sábado, 12 de março de 2011

O Mundo



Desde pequena adquiri a mania de guardar dentro de mim milhares de histórias. A cada dia acumulava-se. Eram vidas cheias de ódio, amor, paixão, ora traição, ternura, amizade, riquezas. Aquilo tudo por muitas vezes deixaram-me a mil, quase enlouquecendo. E a cada história descobria que ainda me encontrava perdida. Perdida da minha verdade, de quem eu era. E dia após dia, as histórias iam sendo refeitas, e o passado esquecido. Contos foram repetidos, outros modificados, mas nada ficava concreto e gravado em minha mente. Todas as histórias eram como sonhos que no dia posterior só restavam pedaços, fragmentos. Fragmentos de mim.


Com o amadurecimento, aquelas histórias ganharam amplitude. A cada aparição, eram escritas. Traço a traço, em detalhes. E um belo dia tornou-se um caderno velho cheio de borrões. Borrões somente. Eram vidas sem nenhuma associação ou ligação. Vidas soltas, sem junção com a realidade ou qualquer outro tipo de semelhança com o tempo vivido. E aos 11 anos toda aquela imensidão de pensamentos era apenas meu esconderijo. A garota e seu caderno. A garota e seu mundo.

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